domingo, 2 de novembro de 2008

Um Natal sem muita grana!

por Carlos Tiburski

Que tal conhecer um local paradisíaco, mas paradisíaco mesmo, que até no inverno faz tempo agradável? É verdade! Pelo menos para a gauchada que resolve passar uma temporada em Natal, Rio Grande do Norte. Então, fiquem ligados nas dicas de viagem.

Como a ordem é gastar o mínimo e aproveitar o máximo, seguiremos os três princípios básicos de todo andarilho e caminhante da terra, apontados no Guia dos Mochileiros da Galáxia! Que, aliás, é uma boa pedida de leitura para quem vai enfrentar cinco dias de ônibus até o outro extremo do Brasil. Primeira dica, sempre viaje acompanhado. O ideal é formar um grupo de cinco ou quatro pessoas. Por quê? Mais adiante explicaremos. Segunda dica, leve apenas o necessário. Não se preocupe em ter três opções de roupa para o mesmo dia. E terceira, se você não é escoteiro tenha certeza de que alguém do grupo seja. Geralmente eles agilizam facilmente coisas que você levaria muito tempo para fazer.

Agora que passou toda aquela função de cinco dias com a bunda já quadrada da viagem de ônibus ou seis horas de vôo e algumas de turbulência ao sobrevoar Belo Horizonte, sinta-se feliz e agraciado, o pior ficou para trás e você continua vivo! Daqui pra diante é só festa. Se você resolveu viajar sozinho ou a dois, o melhor é ir para um albergue. Com diárias de R$ 40 reais, uma boa opção é o Medieval que fica no litoral urbano de Natal, entre os bairros Ponta Negra e a Via Costeira. Além da construção ser em estilo castelo, o albergue fica perto das baladas na noite, como o Sancho Pub e mais uma infinidade de bares ao redor. Sem esquecer do bar Tapiocaria que, evidentemente, tem a melhor tapioca de Natal.

Mas se você levou a sério os preceitos do bom mochileiro e reuniu uma galera de fé para curtir Natal. então, a parada certa é em Ponta Negra, ao lado do Morro do Careca, no Orquídea Condominium. O mais inusitado é que você será recebido por dois gaúchos, Volmir e Laura, em um ambiente familiar com uma casa mobiliada para até cinco pessoas e com um carro com quilometragem livre disponível. Quer mais? Para quem não consegue se desconectar há computador com webcam ou rede wifi para o seu laptop. E tudo isso pelo mesmo valor que o do albergue.

Base montada! Chegou a hora de zarpar para conhecer as praias de Natal. A primeira é Ponta Negra, uma das praias mais conhecidas da cidade. É nela que está o famoso Morro do Careca, um dos mais belos cartões postais da cidade. A praia tem uma excelente infra-estrutura de hotéis, pousadas e restaurantes. Além de ser palco de diversos agitos noturnos em toda sua orla.

Aqui vai uma dica importantíssima, nunca, absolutamente nunca compre nada na praia na primeira oferta. Os vendedores, artesões e o povo potiguar que vive do turismo são atenciosos e bom de papo, mas estão acostumados com “los gringos” e colocam o preço lá em cima. Geralmente você consegue reduzir pela metade e eles ainda saem rindo.

Feito isso, saímos do litoral urbano para o norte em direção à Genipabu. A 25 km de Natal, no município de Extremoz, é conhecida por suas dunas imensas e sua lagoa de água doce, onde é possível fazer passeios de esquibunda e de camelo.
Aqui encontra-se um prato feito da melhor qualidade, caseiro e barato, por apenas R$ 4,50!

Seguindo mais adiante encontramos Jacumã, roteiro obrigatório dos passeios de buggy, com o famoso aerobunda, onde cabos de aço atravessam a lagoa desde o alto até a base da outra margem, formando um varal onde a pessoa é pendurada por um gancho e desliza até cair na água literalmente de bunda.


Vinícius Ferreira no aerobunda. Mestre Cachimbo adverte na descida:
“quem vai gritando, vai gostando. Quem vai calado vai rezando”


É bom separar um dia inteiro para visitar Genipabu e Jacumã. Mas agora é hora de irmos para o litoral sul de Natal e conhecer a praia da Pipa. Reconhecida internacionalmente, Pipa é roteiro obrigatório em qualquer viagem a Natal. Distante 80 km da capital originalmente era uma aldeia de pescadores que foi tomada por imigrantes de todas as partes do mundo. Hoje, Pipa conta com uma ótima infra-estrutura de restaurantes - com comidas de todas as partes do mundo e hospedagem - que vai desde campings e simples pousadas, até o mais requintado resort.

Sua paisagem é formada por falésias, águas claras, calmas, mornas e muita vegetação. Um dos passeios da Pipa inclui o Santuário Ecológico com espaço para piqueniques e um mirante com uma vista exclusiva da Baia dos Golfinhos. A praia central, onde ficam os bares da beira-mar, é mais tranqüila e com poucas ondas.

Se tiver disposição para uma caminhada na direção sul, a dica é a Praia do Amor com mar aberto e ondas fortes, o point dos surfistas. Para o lado norte, fica a Baia dos Golfinhos, uma pequena enseada, onde os golfinhos se aproximam da praia em busca de cardumes de peixes e ficam lado a lado com os banhistas. Com sorte, podemos encontrar as tartarugas marinhas, também hóspedes de Pipa.

Aqui vai mais uma dica. Prefira ir pelo interior de Natal em direção a Pirangi, onde está o maior cajueiro do mundo. Além disso, você conhecerá os potiguar de verdade vivendo em suas casas de pau a pique, fazendas imensas de camarão e, ainda por cima, quase chegando na Pipa, cruzará o restaurante de Dona Fátima. Parada obrigatória! Por R$ 10 reais é possível comer um banquete com vários pratos típicos servidos em potes de barro. Destaque para a “frofa”, isso mesmo! Farofa temperada que acompanha quase todas as comidas do restaurante. Agora é preparar as mochilas e partir rumo a Natal. Boa viagem!

Natal 2008

Ah! Quase ia esquecendo. Para quem achou estranho o título da matéria, saibam que foi intencionalmente dúbio. Então, que tal fazer algo diferente neste Natal? É só ir a uma agência dos Correios e pegar uma das 17 milhões de cartas de crianças pobres e ser o "Papai ou Mamãe Noel" delas? Há pedidos inacreditáveis. Tem criança pedindo um panetone, uma blusa de frio para a avó... É uma idéia. É só pegar a carta e entregar o presente numa agência do correio até o dia 20 de dezembro. O próprio correio se encarrega de fazer a entrega. Tá aí a última dica!

(Não) Chega de saudade

por Fernanda Bastos


A Bossa Nova completa meio século e a cultura brasileira ainda faz festa. Há cinqüenta anos, um grupo de jovens fazia os primeiros acordes que produziriam uma revolução na música brasileira. O contexto era otimista e o governo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek prometia progresso ao país e as artes eram reverenciadas com o Cinema Novo e o Teatro de Arena.


A juventude burguesa, cansada das músicas de fossa e dos cantores de voz empossada, buscava um estilo que representasse os ares de modernidade. O jazz norte-americano empolgava, mas não representava o que a mocidade carioca desejava. As reuniões musicais na casa da cantora Nara Leão, famosas pelas presenças ilustres de músicos como Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal, gerariam o encontro com o violonista baiano que surge com o tom e a batida que todos procuravam. “Aí aparece o João Gilberto. Ele chega com uma nova batida do violão. Isso é uma coisa fundamental na Bossa Nova: o jeito de se tocar violão que ninguém tinha tocado daquela maneira até então.”, afirma Ramiro Bicca, músico e Professor de História.

Os acordes dissonantes e a voz intimista de João Gilberto encontram as composições de Vinícius de Moraes e Tom Jobim. Juntos, criaram algo moderno, que para a gíria da época chamariam bossa nova. O resultado dessa união aconteceu no lançamento de “Chega de Saudade”, em 1958.

O escritor e professor de Literatura Luis Augusto Fischer percebeu na canção não só o início do movimento, mas de toda a transformação que se seguiria na forma de cantar, tocar e compor dos brasileiros: “Chega de saudade” é uma espécie de palavra de ordem, como se todo mundo quisesse dizer: estamos só cantando a saudade, chega desse mundo antigo, do amor que partiu, chega de saudade!”, diz Fischer. Nos anos seguintes, o gênero conquista os brasileiros e recrudesce, inclusive, no exterior.

Em 1962, João Gilberto, Carlos Lyra, Luiz Bonfá, Sérgio Mendes, Carmem Costa, Milton Banana são alguns dos artistas recebidos para uma apresentação de sucesso no Carnegie Hall, em Nova Iorque O estilo vive seu auge até a primeira metade dos anos 60, quando as atenções se voltam para a Tropicália. O gênero vai se restringindo e seus representantes são considerados saudosistas. No entanto, para especialistas a força do legado da Bossa Nova não pode ser mensurada. “Todo mundo foi influenciado pela Bossa Nova: Chico (Buarque), Lobão, Paralamas (do Sucesso) e até Marcelo Camelo...”, reforça Fischer.


Pra aqueles que querem entender na prática o tema dessa reportagem, seguem as dicas:

CD

João Gilberto: Live in Montreux, Warner, R$ 25,90, em média. O registro do show realizado no Festival suíço de Montreux em 1986 sintetiza a obra do mestre da Bossa. A platéia se delicia com clássicos como “A Felicidade”, “Garota de Ipanema e “Retrato em preto e branco”.

Livro

Chega de saudade: A história e as histórias da Bossa Nova, por Ruy Castro, Companhia das Letras, R$ 49,90 em média. O livro do jornalista e biografista proporciona uma imersão nos momentos decisivos para o surgimento e sucesso da Bossa Nova. Os encontros na casa de Nara Leão, o perfeccionismo de João Gilberto, a boêmia no Rio de Janeiro: tudo está lá. Leitura fluida e prazerosa.

Cinema

Orfeu Negro/ Orfeu do Carnaval, Brasil/França/Itália, 1959, 100 min, direção de Marcel Camus. Versão modernista do mito grego, a peça “Orfeu da Conceição”, de Vinícius de Moraes dá origem ao filme. Vencedora do Oscar de melhor filme estrangeiro e da Palma de Ouro, em Cannes, a produção também é acusada de maquiar a realidade das favelas brasileiras. É impossível negar seu mérito em reproduzir belas imagens dos morros e do Carnaval cariocas. A trilha impecável de Tom Jobim e Luiz Bonfá impulsionou a fama internacional da Bossa Nova.

Coisa Mais Linda, Brasil 2005, 131 min, direção de Paulo Thiago. Documentário retoma a trajetória da bossa nova através de depoimentos de Carlos Lyra, Alaíde Costa, Roberto Menescal, Nelson Motta, Tarik de Souza, entre outros. O longa dispensa o saudosismo comum nas obras do tipo e apresenta com simpatia sua versão da história, com direto a anedotas.

Curiosidades do mundo da moda

por Nathalia Crivellaro

Você sabia....

... que, nos anos 20, os tornozelos eram a parte do corpo da mulher mais cobiçada? As saias ficaram mais curtas, e os tornozelos, até então cobertos e escondidos, passaram a chamar a atenção dos homens da época.

... que a Segunda Guerra Mundial teve influência direta no mundo da moda? As roupas femininas da década de 40 ganharam corte reto e masculino, estilo militar, as cores eram mais escuras e neutras e os sapatos mais pesados e sérios.

... que, durante a Segunda Guerra Mundial, as maquiagens eram improvisadas com produtos caseiros? Como a maior parte do metal era utilizado pela indústria bélica, alguns fabricantes apenas recarregavam as embalagens de batom.

... que os espartilhos, criados há cerca de 400 anos, foram usados por mais de 3 séculos? Antes disso, para evidenciar os seios e modelar a cintura, as mulheres usavam faixas de tecido ao redor do corpo.

... que o sutiã teve diferentes formatos ao longo dos séculos? Durante o Império Romano, eles eram em forma de bustiê. No século XV, durante a Renascença, esmagavam os seios das mulheres de forma torturante, comprimindo-os com tecido firme. Na Revolução Francesa, as mulheres usavam sutiãs que faziam os seios saltarem para fora. No século XIX, os peitos voltaram a ser aprisionados. Foi apenas na década de 30 que a mulher foi libertada, podendo escolher se usava ou não a peça.

... que toda vez que uma mulher veste uma minissaia, ela está usando uma peça que foi símbolo de liberdade e rebelião? As mulheres dos anos 60 usavam minissaia como um modo de protesto ao julgamento moral dos homens e como uma forma de promover a liberdade para mulheres das próximas geracões.

... que o jeans foi criado por causa dos mineradores? O trabalho árduo nas minas exigia calças de material resistente. Antes do jeans ser inventado, os mineradores tinham que trocar de calças a toda hora, pois as calças de tecido se rasgavam facilmente. Forte e resistente, o jeans foi criado como uma peça de roupa para os homens que trabalhavam nas minas. Mais tarde, passou a ser utilizado também por outros trabalhadores.