sábado, 6 de dezembro de 2008

O perigo da cor

Por Carlos Ismael Moreira

Chegou o verão. Biquínis e cangas saem das gavetas, as garotas não vêem a hora de desfilar pela praia e ninguém quer pisar na areia parecendo sósia do gasparzinho. O bronzeamento artificial tem sido a alternativa mais procurada para quem quer pegar aquela corzinha em pouco tempo. Mas é preciso estar atento para os riscos que a busca pelo corpo dourado pode trazer para a saúde da pele.

As clínicas estéticas oferecem uma grande variedade em modelos de máquinas de bronzeamento, que recebem a classificação de baixa ou alta pressão, conforme a potência das lâmpadas. Em média, as de baixa pressão são compostas por cerca de 20 a 30 lâmpadas de aproximadamente 400W. As de alta, têm em torno de oito lâmpadas com 1000W, mas, em alguns casos, a potência pode ultrapassar os 2000W. Em alguns países da Europa, como a Alemanha, o uso de máquina de alta pressão é proibido.

As camas e cabines de bronzeamento geram, em média, 98% por cento de raios ultravioleta A (UVA) e 2% de raios ultravioleta B (UVB). Os raios UVA penetram profundamente a pele e, na emissão solar, atingem nosso corpo de forma constante durante todo ano. O UVB tem maior incidência durante o verão e bronzeia mais rapidamente. A baixa quantidade de UVB nas máquinas se deve ao alto potencial carcinogênico. Penetram a pele superficialmente e causam as queimaduras, responsáveis pelas alterações celulares que predispõem o câncer de pele. No entanto, é comprovado cientificamente que o UVA também contribui para o surgimento do câncer. Além disso, são responsáveis pelo processo de envelhecimento da pele.

Humberto Pertile, da Casa do Esteticista – revendedora paulista de máquinas de bronzeamento –, afirma que a polêmica está na boa ou na má utilização da técnica. “As camas são iguais ao sol, os raios emitidos são os mesmos. O importante é que as pessoas respeitem o tempo de exposição recomendado pelo fabricante da máquina, que atende as normas do Ministério da Saúde”, comenta. Pertile ressalta ainda que o bronzeamento artificial tem a vantagem do controle da exposição aos raios ultravioleta. “No sol você não tem como medir a incidência sobre a pele”, argumenta.

O tempo de exposição permitido irá variar de acordo com o número de lâmpadas e a potência de emissão. A atendente da estética Beauty Company, Josiane da Costa, explica que o estabelecimento oferece um pacote de dez sessões, uma por dia com intervalos de 24 horas. “Cada sessão dura 15 minutos, a máquina conta o tempo automaticamente e desliga sozinha”, afirma.

Mesmo assim, Rodrigo Feijó, do Instituto Nacional do Câncer (INCA) é categórico: “Não existe bronzeamento saudável. Qualquer forma de bronzeamento é uma reação de defesa da pele a agressão pela exposição excessiva aos raios ultravioleta”, afirma. O presidente da seção gaúcha da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Gustavo Corrêa, reforça a posição. “A SBD não recomenda o bronzeamento artificial. Do ponto de vista dermatológico, não existe nenhuma vantagem. A radiação tem um efeito cumulativo, ao longo dos anos é que aparecerão os danos como pele manchada, mais envelhecida e mais predisposta ao surgimento de câncer”, explica. Corrêa sugere como alternativa a utilização de cremes autobronzeadores, que oxidam a camada superior da pele e simulam o escurecimento da tonalidade por um ou dois dias. Após esse período é necessária a reaplicação para manter o efeito. O dermatologista informa que esses produtos não têm contra-indicação, mas também não dispensam o uso de filtro solar.

Como é inevitável que as pessoas sejam atingidas pela radiação do sol, existem algumas recomendações de proteção. “As pessoas devem sempre usar protetor e evitar se expor no horário das 10h às 16h, quando ocorre a maior incidência de raios ultravioleta”, aconselha o funcionário do INCA. Para quem optar pelo bronzeamento artificial, é importante saber que a técnica é proibida para menores de 16 anos, pessoas que já tiveram câncer ou utilizem medicamentos fotossensíveis, e grávidas. Para curtir o verão, não importa a cor. Basta tomar os cuidados necessários e aproveitar.
Por Amanda Porterolla