domingo, 30 de novembro de 2008

A idade faz diferença?

Por Evandra Jacques e Graziele Côrrea


Ninguém sabe ao certo o que faz desencadear uma paixão. De repente, podemos ser acometidos por um turbilhão de sentimentos distintos, desde tremores, formigamentos, falta de ar, e até como alguns costumam dizer, ter “borboletas no estômago”. Alguns cientistas a descrevem como uma descarga bioquímica que transporta no interior de nosso ser, um misto de adrenalina e outras substâncias que produzem uma confusão inebriante. Sabe-se que a paixão pode ultrapassar barreiras sociais, diferenças de formação e gêneros.


No entanto, a diferença de idade, nos relacionamentos amorosos, pode parecer algo superado em nossa sociedade, mas na prática, a realidade mostra que ainda é possível enfrentar muitos preconceitos.


Para a psicanalista, Cristiane Oliveira de Ávila, ao embarcar em um relacionamento que foge aos padrões considerados normais, as pessoas envolvidas têm que estar preparadas para os preconceitos que podem (e vão) surgir. “Este é um relacionamento que irá exigir mais de ambos, pois será sempre colocado à prova. E quando o casal consegue superar as interferências da sociedade, a troca de experiências pode ser muito rica e diversificada, ressalta”.


Cristina Rieck Vieira (25) e Rosalino Severo da Silva (45), sabem bem o que é isso. No início do relacionamento, que completa oito anos, o casal sofreu resistência das duas famílias, porém o respeito foi adquirido dia-a-dia. “Hoje estamos mais maduros e certos que não devemos satisfação de nossa vida para ninguém, argumenta.“


Segundo a psicóloga Iara Siqueira Prates, os casais devem ter claro que, independentemente da idade biológica ou psicológica dos pares, a postura adotada no relacionamento condiciona a forma de como as pessoas irão encarar esta união.


Para Cristina, o primeiro passo para diminuir o preconceito deve partir do próprio casal. “ o que me deixa feliz é que com o passar do tempo este preconceito está reduzindo, mas depende de cada um de nós mostrarmos que existe amor verdadeiro e relações estáveis neste tipo de relacionamento, e não apenas aventuras entre casados mal-sucedidos e lolitas pervertidas”, finaliza. Apesar de inúmeras transformações na sociedade, quando o homem é mais jovem no relacionamento, a resistência é ainda maior.


Conforme Paulo Rodrigues (19), a dificuldade enfrentada no namoro com Rosana Souza (45), foi a pressão social. Apesar da forte atração, o relacionamento durou apenas 8 meses. “Todos me viam como um aproveitador, devido ao fato dela ter uma condição financeira superior a minha. Além disso, nossa relação não conseguia ser sólida por causa da insegurança dela”, salienta.


Segundo a psicóloga Iara, a auto-estima e confiança mútua, deve ser reforçada para que o relacionamento torne-se duradouro. “Além das complicações naturais decorrentes de um relacionamento, estar com um homem mais novo é driblar alguns preconceitos e, muitas vezes, a sua própria forma de encarar a ordem natural das coisas”, complementa.

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