quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Tatata Pimentel: um apaixonado pela profissão

por Priscila Bittencourte

Camiseta branca, calça de abrigo e sandálias. É assim que Roberto Valfredo Bicca Pimentel, o Tatata, 70 anos, se sente á vontade quando está longe das câmeras. Com um estilo que reflete a sua personalidade, o professor e apresentador de TV, reside na Rua Olavo Bilac, em Porto Alegre, onde mantém, há dez anos, um apartamento que, indiscutivelmente, é “a sua cara”. Com uma decoração repleta de tapetes persas, obras de artes, quadros, livros e muitos livros - uma de suas paixões - reserva um espaço que considera um “refúgio”, para as horas de folga, entre gravações do programa, Gente da Noite (TVCOM), e as viagens de trabalho. Em entrevista concedida ao Pravariar, Tatata falou sobre a sua trajetória profissional e muitas curiosidades.

Pravariar: Qual a sua cidade de Origem e como veio para a capital?
Tatata Pimentel: Sou de Santa Maria da Boca do Monte, mas meu pai é do Rio de Janeiro e a minha mãe é do Alegrete. O meu pai veio trabalhar em Santa Maria, minha mãe veio lecionar, foi professora. E eu e as minhas duas irmãs nascemos nessa cidade. Aí ficamos uns quatro ou cinco anos, o tempo para o meu pai construir uma casa de dois andares na Rua Duque de Caxias, 1075 e depois nos mudamos para Porto Alegre.

Pravariar: Como iniciou sua trajetória profissional até chegar à TV?
Tatata: Na TV foi uma coisa bem antiga porque a minha profissão realmente é de professor. Na TV eu foi convidado pelo jornalista que foi deputado e meu grande amigo, José Antônio Daudt. Havia um bar na Avenida João Pessoa, chamado Bar Ressaca, e lá, em 1971, se reunia todo pessoal, principalmente da Zero Hora. E era uma época que eu ia muito a Europa e me vestia com aquelas roupas tipo Beatles, incluindo a calça boca-de-sino que eu comprava em Londres onde era muito barato na época. Eu transitava na noite com esse tipo de roupa, porque Porto Alegre não havia um local para comprar roupa jovem que estivessem na moda, pois os filhos se vestiam conforme os pais, indo a alfaiatarias e camisarias. Não havia tênis, nem jeans. E aí quando eu voltei esse grupo de jornalistas achou muito interessante a minha maneira de vestir e me convidaram para fazer júri de auditório, num programa chamado “Puxa é a Gaúcha”, e por aí começou. Fiz, durante 20 anos, um programa de auditório no canal 10, que era a TV Difusora, a primeira emissora a transmitir em colorido. E lá foi entrando todo o pessoal, Tânia Carvalho, Felipe Vieira, Daudt e Renato Pereira, entre tantos. Logo depois, o professor Clóvis Duarte inventou um programa chamado Porto Visão e me convidou para participar.

Pravariar: E no seu programa Gente da Noite, é você mesmo quem sugere as pautas? Como funciona o processo de construção o programa?
Tatata: Como é um programa praticamente diário, ele deve ser pautado. E funciona através de convites que recebemos e também de programas de interesse da RBS, além do que os jornais divulgam. E às vezes eu recebo até convites na rua, aí são coisas que só eu sei não sai em jornal nenhum, então nós vamos e fazemos um belíssimo programa. Nós pesquisamos aquilo que se encaixa no perfil do programa. Fazemos a geografia da noite. Tudo em Porto Alegre acontece no mesmo horário. Então, para fazer um programa variado, eu tenho que escolher, aqueles locais que sejam próximos um do outro. Mas quando um evento é muito distante tenho que ficar somente num local, pois não dá tempo de entrevistar o artista, mostrar o show e fazer mais alguma coisa. Eu faço as gravações em lançamento de livros, shows, peças de teatro, exposições, porque o meu programa não é exatamente para festas. Se for festa, só em grandes bailes, lançamentos de produtos, glamour girl, ou miss Rio Grande do sul. Isso, sim, fazemos com muito prazer.

Pravariar: De onde veio o seu gosto voraz pela literatura e música clássica?
Tatata: A vida inteira fui professor de literatura, português, francês, e fiz cursos na Ufrgs de espanhol, italiano e latim. O gosto pela literatura deve-se ao fato de que a minha mãe e uma tia foram professoras. Desde muito pequeno, demonstrei interesse por essa área. Quanto à música, eu tinha um tio, casado com a única irmã do meu pai, que era italiano e apaixonado por ópera. O italiano que eu conheço hoje aprendi através do “libreto” da ópera.

Pravariar: E uma curiosidade: como surgiu o gosto exótico por sapatos coloridos?
Tatata: Na verdade não tenho gostos exóticos, eu ganho muitos sapatos da loja Pulo do Gato de Novo Hamburgo, quando eu vou fazer reportagens. Eu mostro, faço propaganda e me pedem o meu endereço. Por exemplo, essa loja me manda mensalmente um par de sapatos diferentes. A Paquetá, quando foi minha patrocinadora também mandava sapatos e eu usava, e muitos outros eu acabava dando sem mesmo ter tirado da caixa, mas eu não tenho fixação nenhuma por sapatos. Gosto mesmo é de adereços, broches, colar, anel, pulseira, echarpe, isso sim.

Pravariar: E falando um pouco da vida pessoal, como é o seu dia-a-dia?
Tatata: A minha rotina é assim: acordo, bebo o meu café preto, leio o jornal e abro a correspondência. Ao meio dia a minha produtora, que já está na RBS, me telefona, lê os convites que recebemos e aí eu monto o programa. Tenho essa preocupação sobre o programa, pois preciso saber os locais onde vou, com que roupa vou e seu tenho que ler algum texto daquela pauta. E só depois, lá pelas 14 ou 15 horas, almoço e aproveito para dormir um pouco. Mas o meu dia começa muito cedo, lá pelas às 8 horas da manhã, mesmo retornando das gravações só de madrugada.

Pravariar: Você tem algum perfume preferido?
Tatata: Olha eu não sou tarado por perfume, é o que estou usando agora que ganhei de aniversário, é o D'Issey, japonês, e eu gosto porque quem me deu foi a minha orientadora do doutorado na PUC, a Regina Zilbermann. E o nome do perfume é L Eau D’Issei (Issey Miyake). Não percebi que na verdade o nome lembrava Odisséia de Omero. Mas, o perfume é excepcional!

Pravariar: E sobre livros, em meio a tantos gostos, tem predileção por algum em especial?
Tatata: Hoje em dia eu leio muitos livros de filosofia, e também estou relendo Machado Assis. Gosto de literatura francesa e tenho livros importados que é a minha especialização. Mas, como profissional não tem só um livro que eu goste, eu tenho gêneros.

Pravariar: E uma viagem que ainda não tenha realizado e gostaria de fazer?
Tatata: Ainda não fui para a Índia, mas agora acho que já não dá mais tempo, a última grande viagem que estava no meu imaginário era o leste europeu, principalmente a Polônia, a Ungria e a República Tcheca. Gostei tanto dessa viagem que eu fiz em um ano que depois repeti a mesma viagem. A Índia, como é muito longe, acho que vai ficar só no desejo.

Pravariar: Um sonho?
Tatata: Atualmente eu não tenho sonho nenhum. Vivo 50% como professor aposentado e os outros 50% do salário da televisão. O Meu sonho é saber depois que eu me aposentar da TV com quanto eu vou viver para organizar a minha vida...(risos). Isso na verdade não é sonho, isso é profissão de aposentado.

Pravariar: Que são as pessoas importante em sua vida?
Tatata: As pessoas importantes na minha vida foram principalmente alguns professores. Desde quando estudei no Júlio de Castilhos tive mestres com quem até hoje eu mantenho contato. E esses eu posso chamar de amigos, pois são apaixonados por mim, desde quando eu era aluno.

Pravariar: Qual a sua receita para ser feliz?
Tatata: Eu acho felicidade um conceito muito da burguesia. Tem gente que a felicidade é um grande amor; para outros é ganhar na loteria e morar em Paris. Não é nada disso. A minha felicidade é sempre trabalhar no que eu gostei, mesmo perdendo dinheiro, ou nunca sobrando, e isso é verdade: nunca me sobra. A minha felicidade hoje são os discos e os livros, CD’s e DVD’s, porque aí eu vejo os grandes espetáculos do mundo.

2 comentários:

Lisiane de Assis disse...

Só faltou perguntar o que Roberto Valfredo Bicca Pimentel tem a ver com Tatata!!


Beijo!

Bom Português disse...

Pelo amor de Deus, menina, acrescente um "H" em Hungria...